Nova espécie de planta é descoberta na Amazônia

Blue and Gold Macaw By Jorge Lopes
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Nova espécie de planta é descoberta na Amazônia

Ichthyothere sasakiae já é a quarta nova planta descoberta pelo Projeto Flora Cristalino em parceria com o Royal Botanic Gardens, Kew, no Parque Estadual do Cristalino, Mato Grosso; espécie foi nomeada em homenagem à pesquisadora brasileira Denise Sasaki

ALTA FLORESTA, 18 de agosto de 2014. Uma nova espécie de planta que é encontrada no Parque Estadual do Cristalino e na RPPN Cristalino, no Mato Grosso, foi descoberta na Amazônia. A novidade foi publicada em maio deste ano na revista Kew Bulletin, do Royal Botanic Gardens, Kew. Ichthyothere sasakiae foi encontrada por uma equipe de pesquisadores do Royal Botanic Gardens, Kew, liderada por William Milliken, e por sua contraparte brasileira da Fundação Cristalino, nos municípios de Novo Mundo e Alta Floresta, no Mato Grosso, dentro do Parque Estadual do Cristalino. Dentre as 1.366 espécies florísticas já catalogadas nas intermediações do parque, essa é a quarta nova descoberta para a ciência – as outras são Sciadocephala gracieliae, Guarea zepivae e Passiflora cristalina – e uma quinta está sendo descrita.

A nova espécie foi nomeada sasakiae em homenagem à bióloga brasileira Denise Sasaki, a primeira a coletar o material usado para a descrição da espécie e então coordenadora do projeto. “Fiquei feliz de ver o meu nome associado à flora do Cristalino. Acredito ser uma forma de reconhecimento do nosso trabalho”, conta Denise. O chefe da pesquisa Nicholas Hind conta como tomou a decisão do nome. “O gênero Ichthyothere não é muito grande, com aproximadamente 28 espécies na América do Sul e América Central, e cerca de 19 delas catalogadas no Brasil. Há uma boa mistura de como essas espécies foram nomeadas: algumas com nomes de pessoas, outras com características da planta e poucas com nomes de lugares. Nós decidimos homenagear nossa colega de equipe”.

A sasakiae foi descoberta como parte do projeto Flora Cristalino no Parque Estadual Cristalino, onde uma lista de espécies de plantas estava sendo compilada. Com 184 mil hectares de floresta amazônica preservada, a unidade de conservação foi criada em 2000/01 com a intenção de proteger animais, plantas, fontes de água, rios, cachoeiras, florestas e paisagens, bem como de permitir a possibilidade de ecoturismo, educação ambiental e pesquisa científica. Assim, era vital que se fizesse um inventário florístico e o mapeamento da biodiversidade do parque para o desenvolvimento de um plano de manejo apropriado.

O Flora Cristalino surgiu dessa necessidade como um programa colaborativo que inclui Fundação Ecológica Cristalino (FEC), Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT), Universidade de São Paulo (USP), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Royal Botanic Gardens, Kew. O projeto contou com o patrocínio da associação Kew-Rio Tinto. A espécie também ocorre na Reserva Particular do Patrimônio Natural Cristalino, a primeira reserva a ser criada no norte do Mato Grosso em 1997.

O gênero Ichthyothere pertence a uma tribo da família Compositae que contém o gênero Helianthus – o girassol – e foi primeiro descrito em 1830 por Martius em um jornal farmacológico. O pesquisador havia coletado a planta por causa da presença e uso de veneno de peixe na espécie que ele descreveu como Ichthyothere cunabi, em São João do Príncipe, no Rio Yupará, Província de Rio Negro. Já a Ichthyothere sasakiae caracteriza-se por ser um subarbusto robusto e repleto de galhos com um simples caule lenhoso basal e é encontrada crescendo entre rochas em uma área que contém um tipo de vegetação muito restrito chamado campo rupestre da Amazônia. Suas flores são muito pequenas e de coloração branca ou branco-esverdeada.

Hind explica outro fato que dá significado à descoberta científica. Segundo ele, no parque um total de 1.366 espécies foram catalogadas e, especificamente entre áreas de floresta úmida da Amazônia, a família Compositae é pobremente representada – apenas 19 espécies foram registradas. “Encontrar uma segunda nova espécie dentro do parque foi uma descoberta incrível”, conta Hind. “Não tínhamos conhecimento prévio da existência da espécie. Ela apenas foi encontrada quando o material prensado e seco foi examinado já de volta ao Herbário do Royal Botanic Gardens, Kew”, conta.

As coletas da espécie foram feitas em maio de 2007 e janeiro de 2008 e o material foi primeiro examinado em Kew em 2009 junto com outras coleções do trabalho de campo no parque, porém sua descrição só foi publicada no Kew Bulletin em maio de 2014. “Muitos detalhes e processos técnicos envolvem uma descoberta científica dessa natureza”, explica o pesquisador. “É bastante significativo que mesmo em áreas onde grandes coleções botânicas têm sido catalogadas, novas espécies ainda possam ser descobertas”, finaliza Hind. “Esperamos continuar as pesquisas nessa importante região”.

SERVIÇO

Nova planta: Ichthyothere sasakiae
Equipe de pesquisa encarregada: William Milliken, Nicholas Hind, Nicky Biggs, Sue Frisby e Daniela Zappi.
Outros brasileiros envolvidos em diversas funções: Denise Sasaki (Programa Flora Cristalino), Marlene Batista (Alta Floresta), Marcos Bessa (SEMA-MT), Renato Farias e Márcia Farias (FEC), Gracieli S. Henicka (UNEMAT), Arianne C. Camargo (UNEMAT), Jéferson Nascimento (UNEMAT), Martinho Philippsen (SEMA- MT), José H. Piva (FEC), Elton A. Silveira (SEMA-MT) e Cláudio Vicenti (FEC).

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